NÃO PRECISAMOS DE COTAS FEMININAS!

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Por: Amarílis Demartini

No Brasil, desde 2009 vigora uma lei que estabelece cotas femininas entre os candidatos lançados por cada partido nas eleições. O artigo 10, §3º, da Lei 9.504/97, determina que 30% de todos os candidatos precisam ser mulheres (ou homens, de forma que um sexo não exceda 70% do total). Em 2015, fixou-se ainda que 5 a 15% do dinheiro arrecadado por partido fosse gasto em campanhas de candidatas e que 10% do tempo de propaganda em meios de comunicação fosse obrigatoriamente para elas.

Além de ferir a autonomia partidária, estas medidas acabam por favorecer os partidos grandes, já privilegiados com vultosos fundos e muito mais tempo de propaganda.

Há pessoas que estão insatisfeitas com estas regras por as considerarem muito tímidas. Estes democratas se mobilizam para exigir que existam cotas femininas também nos cargos de liderança partidária, cotas de candidatura em uma porcentagem maior - de 50% - e inúmeras outras vantagens gratuitas. Chegam a defender que elas sejam válidas não só para os concorrentes, mas também para os candidatos eleitos, ou seja, pregam que, mesmo que mais homens tenham recebido votos suficientes para se eleger, isso seja desconsiderado e determinada porcentagem dos políticos que assumirem cargos sejam mulheres compulsoriamente. Tal ideia, ironicamente, afronta o próprio direito de voto feminino, levando em conta que as mulheres constituem a maior parte do eleitorado nacional.

O desconforto com as proporcionalmente poucas mulheres envolvidas no cenário político institucional brasileiro é grande e frequentemente são lançadas campanhas publicitárias visando aumentar a participação feminina, como a realizada pelo TSE ainda este ano.

Nós, do MATRIA, acreditamos que as mulheres realmente podiam ser mais ativas na política (elas representam aproximadamente 10% dos políticos em exercício hoje). Entretanto, rechaçamos toda a paranoia igualitária que deu origem ao sistema de cotas e qualquer tentativa de forjar, por motivos ideológicos, estatísticas que não se expressaram espontaneamente em momento algum.

Em primeiro lugar, não há quaisquer evidências de obstáculos concretos ao acesso feminino à política em nosso país. As mulheres tem plenos direitos políticos, podem filiar-se a qualquer partido, candidatar-se e ocupar posições de liderança, disso temos diversos exemplos. Além disso, política não se faz apenas dentro da farsa democrática: A participação de mulheres em movimentos sociais é muito forte, especialmente em organizações campesinas e beneficentes. Pesquisas apontam que, em nosso país, as mulheres tem melhor desempenho escolar, são maioria nas universidades e na conquista de diplomas, o que também não deixa de ter uma carga política.

Outra questão a se considerar é que não necessariamente uma maior participação feminina em cargos políticos traria benefício real para as mulheres do povo. O que vemos atualmente é que as mulheres da classe política em nada se diferenciam do demais componentes dela - são tão corruptas quanto os homens, compradas pelo mesmos lobistas, defendem a mesma ideologia hegemônica. O pensamento que rege a instauração de cotas comete o eterno erro da modernidade - visa aumentar a quantidade ao invés de zelar pela qualidade. Nada impede que uma autoridade masculina seja mais benéfica às mulheres do que uma feminina e disso também se encontram muitos exemplos, é uma questão de tal autoridade saber ouvir os diferentes setores da nação e representá-los de forma justa. É isso que legitima qualquer governo, exercido por homem ou mulher, e é isso que há muito tempo não temos tido.

Por fim, algo que se deve colocar é que a participação política na sociedade brasileira é um fiasco no geral e a crise de representação que vivemos atualmente não é um acaso. A participação do brasileiro na política se resume a um voto digitado a cada 2 anos, para indivíduos que ele nem sequer conhece, ou até detesta. Diga-se de passagem, a cada ano aumenta o número de brasileiros que se recusam mesmo a ter essa participação bienal, se abstendo do voto e expressando sua rejeição ao sistema político atual. Não são cotas que vão melhorar o interesse das pessoas na vida política, e sim uma educação pública e de qualidade para todos. É situar os jovens na sua história, na sua tradição, na cultura e filosofia que herdam, no cotidiano de sua comunidade, criando assim empatia e laços verdadeiros com o que está a volta de cada um, mostrando a importância de suas ações no mundo.

O projeto da Quarta Teoria Política para o Brasil - do qual o MATRIA se orgulha em fazer parte - não quer quantidades, quer resultados. Que as mulheres participem da política segundo sua própria inclinação e mérito, sem o igualitarismo patrocinado pela ONU e pela mídia. Não precisamos de cotas femininas, não precisamos da aprovação de liberais, somos mulheres livres na libertação do nosso Povo.

MATRIA - Feminilidade, coragem e tradição!


A farsa da libertação sexual

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Por Guillaume Faye*


A libertação sexual é um dos grandes movimentos ideológicos e políticos que agitaram o Ocidente a partir do começo dos anos 1960. Fortemente ligada ao feminismo político, à dissidência marxista (ou esquerdismo), e também ao anarquismo libertário, a corrente da libertação sexual é um bom exemplo de sucesso metapolítico, já que atingiu seus objetivos – os quais, de qualquer forma, eram parte da tendência dos tempos e talvez ocorressem de todo modo.

O movimento de libertação sexual misturou atropeladamente, como se estivesse completamente descontrolado, todos os seus projetos e objetivos: o fim da família burguesa, da fidelidade conjugal, da virgindade feminina no casamento, da predominância heterossexual, liberdade total para a pornografia, abolição de tabus contra o incesto, pedofilia, e por aí vai. Um grande pot-pourri no qual Eros está notavelmente ausente: um pot-pourri sem o refinamento dos libertinos.

Valorizar o prazer acima de tudo, “gozar sem restrições”, dizia o mote anarquista de Maio de 68. O individualismo mais desenfreado e egoísta estava curiosamente misturado, especialmente na França, com afinidades pela esquerda coletivista. Mas aí não havia contradição. Retrospectivamente, podemos ver que a revolução sexual foi um surto de hedonismo vulgar de origem pequeno-burguesa que queria se emancipar brutalmente das amarras da moralidade sexual cristã. Com algum ilusionismo ideológico, a teoria da libertação sexual (a qual também se referiu frequentemente a si mesma como “revolução sexual”) apresentou-se como a contrapartida de uma revolta anticapitalista e de um neo-marxismo infantil, uma pretensão cuja imbecilidade foi demonstrada por Christopher Lasch (de quem eu falo em outra ocasião), uma vez que o comércio utilizou-se dela como base para um novo negócio. 

Uma ideologia de puritanos

Esta ideologia tem uma origem principalmente Anglo-Saxã (sobretudo estadunidense) e Germânico-Escandinava, ou seja, ela vem de um domínio cultural marcado pelo puritanismo de cunho protestante.
As pessoas se atiraram de cabeça naquilo que pode ser chamado de sexualismo com uma avidez de iniciantes, de filisteus. A libertação sexual, portanto, não tem nada a ver com o espírito libertino refinado, erótico e livre, que em sua liberdade tratava de manter a ordem sem sacrificar o prazer, o que fazia tão discretamente. Uma certa rudeza germânica, um certo embotamento de espírito (bem percebido por Nietzsche) que os Estados Unidos herdaram em parte, percorre todos os movimentos por libertação sexual. Manifestar um desejo de libertação não equivale, em todo caso, a admitir que no fundo se é frustrado?
Puritanos frustrados descobriram o sexo e ficaram fascinados, passando de um excesso ao outro, da mais tola pudicícia ao mais grosseiro despudor, como crianças que encontram o pote de geleia proibido e o devoram aos punhados.
Paradoxalmente, a ideologia da libertação sexual foi mais longe na Europa do que nos Estados Unidos. Isso porque o vírus ideológico ou cultural originado entre a elite norte-americana afeta apenas uma pequena parte da população em geral; e isto é válido em todos os âmbitos. O país das cidades pequenas não é aquele do campus universitário, nem o de Nova Iorque ou California. Ele continuou puritano, mesmo que os EUA tenham inventado as Marchas do Orgulho Gay e a indústria pornográfica.
Mais de sessenta anos depois, as principais metas da libertação sexual se introduziram em nossos costumes. Mas dificilmente pode ser dito que os resultados corresponderam às esperanças. A felicidade universal e a rejubilante liberdade que supostamente viriam da libertação sexual não se realizaram. O grande lema da abolição dos tabus foi às ruas e voltou de mãos vazias – para não dizer que trouxe tabus muito piores do que os precedentes.

As falsas promessas da libertação sexual

Será que a libertação sexual produziu os efeitos esperados, aqueles de realização e de um caminho mítico para o prazer físico e psicológico? Será que nós, como foi prometido, superamos a repressiva e frustrante prisão da sociedade burguesa e entramos em um paraíso de liberdade corporal, como o previsto por Wilhelm Reich e Herbert Marcuse? Certamente não. Na verdade, observamos o oposto – entre as mulheres, assim como entre os homens. Os sonhos de emancipação resultaram em alienação.
A sexualização universal da sociedade triunfou à custa do bem-estar pessoal e da sexualidade equilibrada. As mídias conectam a sociedade em um gigante universo sexual virtual, um simulacro feito de imagens e palavras. Esse mundo onírico consistindo de todas as formas de erotismo – desde a doçura do amor sexual benéfico e equilibrado até às fantasias orgiásticas da pornografia – virou um ideal de massa, mas um inferno no nível individual: o imperativo categórico da satisfação sexual se tornou impossível de atingir. Sonha-se com bolo de chocolate, mas não existe nenhum bolo de chocolate.
A este respeito, a indústria pornográfica de imagens (filmes, revistas), legalizada nos anos 60, e a indústria de encontros eróticos (por telefone ou via internet) torna-se cada vez mais frustrante para milhões de consumidores ingênuos, explorados – porque, obviamente, ela praticamente nunca leva a encontros reais, românticos ou eróticos.
Como sempre, ao tentar substituir o virtual pelo real, a quimera pela realidade, a sombra pela forma, a massas crédulas estão sendo manipuladas e levadas à loucura. O colapso das normas familiares, a retração da cultura da modéstia, a confusão sexual, sexo adulto colocado em mãos de adolescentes despreparados, exibição pornográfica transformada em espetáculo de massa – tudo isso não levou a mais, e sim a menos prazer, não forjou indivíduos mais bem equilibrados, e sim indivíduos bastante desequilibrados.
Aqui precisamos ter em mente o intelectualmente brilhante, mas sociologicamente aberrante, discurso de psiquiatras e filósofos dissidentes freudianos, os quais reprovavam Freud porque sua solução edípica visava reforçar a moralidade social e regular o sexo de acordo com normas sociais. Nos anos 1930, o psiquiatra marxista Wilhelm Reich denunciou o caráter repressivo da família patriarcal. Vinte anos depois, Herbert Marcuse criticou o caráter mortificante de “renunciar aos impulsos” e falou a favor de um tipo de anarquia sexual que colocaria as pessoas no caminho da felicidade e plenitude. Nos anos 70, a corrente francesa anti-psiquiatria trilhou o caminho aberto em Maio de 68. Em sua celebrada obra Anti-Édipo, o “filósofo” Gilles Deleuze e o psiquiatra Félix Guattari defenderam (em termos que soavam quase como demandas políticas) a morte da família como uma prisão opressiva e agora obsoleta (bem no mesmo tom que o novelista decadente André Gide). Eles pregavam a “legitimidade de todo desejo”, mesmo a pederastia, e advogavam “uma sexualidade polimórfica, eletiva, sem considerar a distinção entre os sexos”. Obviamente, eles estavam argumentando em favor de suas inclinações pessoais, mas se esqueceram de que eles próprios haviam sido criados em famílias estáveis.
Estas são as raízes intelectuais da confusão sexual com a qual já estamos familiarizados. Somos golpeados pela ingenuidade, superficialidade e ignorância sociológica destes “pensadores” celebrados. O procedimento deles era idêntico àquele de Lysenko: um discurso dogmático desconectado da realidade e ferozmente hostil à natura rerum [natureza das coisas].
Não é só com a miséria sexual, mas também com a pobreza emocional e familiar que somos confrontados aqui. A liberdade e emancipação individuais parecem produzir, por uma dramática inversão, o isolamento e encarceramento no ego. 
Mas a coisa mais extravagante sobre todo este projeto de “libertação sexual” é que ele não obteve sucesso nem mesmo em definir e sistematizar seus próprios conceitos. Esta ideologia nem sequer conseguiu, por exemplo, identificar as ideias centrais de transgressão e perversão. Quão longe poderia ser levada, exatamente, a libertação individual? Nunca houve nenhuma resposta clara.
De fato, se a liberdade sexual devia ser total, se não devia haver mais nenhuma “norma burguesa”, nenhuma regulação natural, e se a emancipação do desejo individual devia ter prioridade sobre tudo o mais, por que não permitir pedofilia, estupro, incesto (já defendido e glorificado pelo diretor de cinema Louis Malle), bestialidade, tortura ou assassinato por motivos sexuais (temas recorrentes em Sade, um autor muito admirado pelos teóricos da libertação sexual), e assim por diante, ad infinitum?
Esta ideologia mostrou-se incapaz de estabelecer um limite entre o normal e o depravado, o permitido e o proibido, o aceitável e o nocivo, o lícito e o ilícito. No mesmo sentido, os ideólogos da libertação sexual também posam como apóstolos dos Direitos Humanos – o dogmatismo esquerdista exige isto. Mas a contradição é intransponível: pois a liberdade do desejo sem barreiras, proclamada como um direito, automaticamente causa danos aos outros. Isto é ilustrado pela pedofilia, bem como pela propagação da AIDS.

Neste último ponto, a contradição que mencionei tornou-se clara como o dia; pois todos sabem que “comunidade” homossexual masculina contribuiu para a explosão da doença viral, graças ao encorajamento ativo que a homossexualidade masculina recebeu em todo o Ocidente desde os anos 70. Agora, as associações radicais de homossexuais (geralmente ligadas à extrema-esquerda trotskista) é que causaram o maior tumulto a favor do aumento de fundos para pesquisa sobre AIDS, se opuseram a quaisquer medidas “repressivas” contra a “comunidade” mencionada e se posicionaram até contra as medidas profiláticas oficiais, descritas como “discriminatórias”. Parece até que o vírus da AIDS é um tipo de “agente fascista” que ataca os homossexuais para puni-los. Na realidade, a pandemia de AIDS é a consequência lógica e direta da ideologia da libertação sexual, e especialmente da promoção da homossexualidade masculina – para não falar na irresponsabilidade e no hedonismo anárquico dos homossexuais.
Ao rejeitar a própria ideia de ordem, esta ideologia se vira contra si própria. Ela finge defender a harmonia, a liberdade e o fim da opressão, mas acaba construindo um mundo que opera segundo a lei da selva, a lei do mais forte ou mais pervertido. As implicações no âmbito político são as mesmas que no sexual: se o desejo e a liberdade irrestrita consistem em um ideal absoluto, por que contrariar os impulsos do criminoso ou do tirano? O terrorista não é livre para satisfazer seus impulsos, assim como o canibal ou o assassino de crianças?
Encontramos a mesma contradição no que diz respeito a drogas. Nos anos 1960, esta ideologia considerava usar drogas um direito humano, uma forma de libertação – em suma, o uso de drogas era considerado na mesma perspectiva que o sexo: um direito individual absoluto ao prazer. Infelizmente, enormes problemas de saúde pública e criminalidade resultaram do consumo de narcóticos, problemas sem uma solução clara (como em ambos os casos da AIDS e da pedofilia). A propagação da AIDS deve muito à tolerância desenfreada do fenômeno “gay”. Esta ideologia emancipatória carece completamente de qualquer princípio de responsabilidade. Em todos os domínios, suas promessas de felicidade resultam em infelicidade, uma infelicidade pela qual obstinadamente se recusa a assumir responsabilidade. E, ainda assim, esta ideologia pseudoemancipatória dominante continua a impor seu igualitarismo injusto e hipócrita em nome de uma libertação de araque – ela continua com a totalitária e impiedosa repressão de todos aqueles que não seguem seus erros.
Por seus excessos, por seu insensato e profundo equívoco sobre a psicologia humana, a ideologia da libertação sexual corre o grave risco de trazer à tona aquilo contra o que originalmente se rebelou: ela provoca um renascimento do puritanismo bronco como forma de reação. Ela está provocando um contra-ataque, uma repressão sexual real muito mais séria do que aquela suposta repressão burguesa. A intrusão massiva do Islã na Europa, com sua comitiva de mulheres subjugadas, seu obsessivo e rigoroso disciplinarismo, separação dos sexos e machismo, é um sinal perturbador do balanço do pêndulo. Na França, já é crescente o número de moças – majoritariamente de origem imigrante, claro, mas não apenas – que estão tendo seus himens recompostos para “recuperar sua virgindade” antes do casamento. Nós viemos parar bem longe dos devaneios de libertação sexual.

A ilusão dos encontros virtuais

O rebento da revolução sexual e também da internet é o crescimento explosivo de “websites de namoro” (80 por cento orientados para o sexo, os outros 20 por cento explicitamente pornográficos) e redes sociais. Estes mecanismos substituíram o modelo tradicional de encontros diretos e conquista de parceiros, e teoricamente eles oferecem múltiplas oportunidades para relações de todo tipo. Entretanto, os resultados são decepcionantes. Por que?
Porque o virtual nunca poderá substituir o real.
Os sites de internet (Facebook, Meetic, e milhares de outros) baseiam-se em sexo de segunda-mão, virtual e simulado através de uma tela. O primeiro encontro não é natural, ele ocorre na solidão, em frente de um sistema mecânico e tudo o mais vem daí. O diálogo em frente à tela falsifica e desencaminha o resto da relação, porque ele suprime a emoção direta do primeiro encontro e estabelece o relacionamento sobre mentiras, mesmo que elas sejam involuntárias. O acaso do primeiro encontro – em um bar, numa festa, um escritório, ou na casa de um amigo – é substituído por um esforço calculado em frente a uma fria tela de dispositivo eletrônico. A imaginação suplanta a realidade. Romantismo ou desejo são transmitidos por meio de arquivos de computador. Psicologicamente, um contato recebe um certo viés se ele é originado por meio de uma busca online. Se depois você chega a encontrar a pessoa, entende rapidamente que ela não corresponde ao personagem eletrônico com o qual havia conversado.
Ademais, o tempo que se passa tentando encontrar um companheiro na internet é gasto em detrimento de formas humanas de conquista mais antigas e concretas, menos racionalizadas, mas mais efetivas. Relações emocionais e sexuais elaboradas virtualmente não têm nem a densidade, nem o sabor carnal da sedução real. Aqui, novamente estamos atestando os desdobramentos de uma falsa libertação sem efeito real. A sociabilidade virtual via internet tem quase tanta profundidade quanto uma tela plana.
Além disso, são a simulação e as mentiras que caracterizam estas relações, antes de tudo por causa do embuste geral inerente a todos estes sites “picantes” que incitam seus usuários a fantasiar sem que essas fantasias resultem em qualquer coisa concreta, já que os objetivos de tais sites são comerciais. O mesmo vale para todos os incontáveis números de “disk-sexo”. A maior parte dos homens e mulheres que (frequentemente disfarçados) clicam e navegam por estes sites não tem intenção de encontrar ninguém realmente, mas apenas de se distrair em frente às suas telas de computador. A fria mediação da máquina cumpre o papel de manter as pessoas longe da ação na vida real.
A combinação de libertação sexual e internet teve o efeito oposto ao que era almejado: ela simplesmente aumentou a solidão sexual. Os bares estão se acabando ou fechando as portas cada vez mais cedo; salões de dança e discotecas estão definhando (os clubes noturnos são hoje cinco vezes menos comuns na França do que em 1980), agências matrimoniais estão encerrando atividades, e por aí vai. Lugares reais para paquerar e socializar estão gradualmente perdendo espaço para uma busca vã e ansiosa, na qual cada indivíduo está sozinho na frente de uma tela contemplando uma cena com tanta solidez quanto um fantasma: isto é a libertação sexual.

O texto acima é um excerto do livro de Guillaume Faye “Sex and Deviance” (Publicado em inglês pela Arktos, em 2014).

*Sobre Guillaume Faye:
Guillaume Faye nasceu em 1949 e recebeu seu Ph.D. em Ciência Política do Institut d’Études Politiques de Paris. Ele foi um dos principais organizadores do grupo da Nova Direita Francesa GRECE (Groupement de Recherche et d’Études pour la Civilisation Européenne) durante os anos 70 e 80, e ao mesmo tempo cultivou sua carreira como jornalista, particularmente nas revistas de notícias Figaro e Paris-Match. Em 1986 ele deixou o GRECE após um desentendimento com a direção do grupo. Por mais de uma década, trabalhou como locutor para estação de rádio francesa Skyrock, e no programa Telematin que ia ao ar na France 2 TV. Ele voltou ao campo da filosofia política em 1998 quando vários de seus novos ensaios foram reunidos e publicados no volume “Arqueofuturismo”. Desde então, ele produziu uma série de livros que tem desafiado e revigorado leitores por todo o mundo.
Fonte: Right On 

Outro feminismo é possível

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Por: Amarílis Demartini



Quando o assunto é feminismo, a tendência é que sejam trazidas à tona algumas das práticas propagandeadas ultimamente sob esse rótulo – desde os cartazes e panfletos com “x” no lugar de artigos até os protestos com nudez e performances agressivas. Entre os grupos que perpetram tais ações, estão FEMEN (o qual não durou muito no Brasil, mas continua atuando noutras partes), Marcha das Vadias, coletivos universitários ou partidários. Embora tais grupos tenham suas rivalidades, difiram quanto às estratégias e táticas adotadas e ocupem posições aparentemente opostas no espectro político (que vão desde a direita liberal até a esquerda trotskista e anarquista), muito mais expressivas são suas semelhanças, visto que partilham um mesmo arcabouço teórico proveniente do feminismo igualitário.

Em linhas gerais, o feminismo igualitário defende que os diferentes papéis atribuídos a homens e mulheres na sociedade são meras construções sociais, as quais não se sustentam pelas distinções biológicas entre os sexos. Daí à teoria – ou antes, ideologia – de gênero é um pulo, e a adoção desta também parece ser generalizada entre os grupos do feminismo “mainstream”. A ideologia de gênero afirma que o sexo biológico não deve determinar os comportamentos de alguém ou sua “identidade sexual”, que passa a ser uma categoria de livre escolha e invenção, mutável e, por vezes, simplesmente indefinível para o senso comum. A preferência pelo termo “ideologia” deve-se ao fato de que, embora incontáveis páginas tenham sido escritas na tentativa de reforçar tal conjunto de suposições, experimentos científicos de diversos tipos têm apontado conclusões opostas, como bem demonstrou o comediante e sociólogo norueguês Harald Eia em uma série de documentários chamada Hjenervask (“Lavagem Cerebral”). Além disso, casos concretos onde a ideologia de gênero foi posta à prova resultaram trágicos (basta pesquisar, por exemplo, a história de vida do canadense David Reimer).

Entretanto, muitas entre as ditas feministas responsáveis por tais elaborações parecem pouquíssimo preocupadas com a realidade.  Boa parte delas afirma mesmo que ao invés de dois sexos biológicos existem pelo menos cinco, contando as deformidades congênitas causadoras dos três tipos de hermafroditismo como modalidades de sexo biológico possível. A raridade dos indivíduos portadores destes problemas e as complicações causadas para o pleno funcionamento de seus corpos são relativizadas. A tentativa de desconstruir a dicotomia homem-mulher até mesmo em um campo no qual ela se expressa tão obviamente quanto a biologia, reflete as investidas ainda mais incisivas das feministas igualitárias em efetuar a destruição das noções de feminilidade e masculinidade no campo social e cultural. Sendo assim, entre os objetivos mais arduamente perseguidos por estes grupos está o completo aniquilamento de tudo o que se define por mulher, bem como aquilo que se define por homem, até que estas duas palavras não signifiquem mais nada. Ora, por que deveríamos chamar quem está em guerra contra tudo o que é de fato feminino de “feminista”?!

Apesar de muitas vezes estas feministas igualitárias serem confundidas com “as feministas” ou até mesmo com “as mulheres”, elas não são as porta-vozes exclusivas nem do feminismo, muito menos das lutas pelos direitos das mulheres. O movimento sufragista, por exemplo, precede em muito às formulações que consolidariam o feminismo igualitário e teve o apoio de muitas mulheres que mais tarde se oporiam aos rumos que o feminismo estava tomando neste sentido.

Atualmente, “feminismo” é um termo em disputa e tem ganhado os sentidos mais variados ao longo das últimas décadas. Como oposição frontal ao feminismo igualitário, temos o feminismo diferencialista. Este tipo de feminismo manifesta-se em favor das diferenças essenciais entre homens e mulheres, postulando a valorização do feminino, ao invés de sua destruição. A partir desta abordagem, possibilidades completamente diversas podem ser trabalhadas para a atuação feminina, nas quais as diferenças naturais e culturais entre homens e mulheres sejam pelo viés da complementaridade, e não da rivalidade. Não se trata de pregar a submissão da mulher ou de ir contra quaisquer direitos políticos e trabalhistas das mulheres; muito pelo contrário, a ideia é buscar conquistas que reflitam e respeitem a vivência feminina enquanto tal, não só defendendo salários justos para as que trabalham fora, mas também a dignidade da mulher na sociedade enquanto mãe e dona de casa, atividades sem as quais a própria continuidade de nosso modo de vida ficaria comprometida. A questão não é mais sobre colocar um dos dois sexos como o oprimido em absoluto, mas buscar um plano no qual homens e mulheres vejam-se como partes igualmente importantes de um todo maior do que eles mesmos, segundo uma visão holística, e colaborem na consolidação de uma sociedade onde ambos possam se desenvolver plenamente, cultivando assim feminilidade e masculinidade como riquezas.

Entende-se que tal projeto jamais se concretizaria nos marcos do sistema liberal atual, no qual prevalece um individualismo cada vez mais exacerbado, o consumismo é estimulado, assim como a mercantilização de corpos, enfim, em um sistema no qual a desumanização avança a passos largos. A nova proposta de um feminismo diferencialista como entendido aqui, passa necessariamente pelo combate a este sistema, para o qual somente o feminismo igualitário pode ser conveniente. Não é à toa que as teorias igualitaristas citadas anteriormente chegaram à preeminência em órgãos governamentais de países ocidentais e na ONU com o apoio de Fundações como Ford e MacArhtur, entre outros grandes grupos capitalistas. Afinal, os senhores que os controlam não tem o menor interesse em ver homens e mulheres unidos lutando por sua dignidade.

Além disso, um feminismo diferencialista, respeitando as diferenças entre os sexos, logicamente respeitaria também as diferenças entre os povos, opondo-se ao internacionalismo universalista de capitalistas e feministas igualitárias e prezando pela autodeterminação e soberania das nações, para que estas possam dispor livremente, de acordo com seus valores e cultura próprios, de sua feminilidade e masculinidade.

Contra as práticas aviltantes dos grupos “feministas” favoráveis à ideologia de gênero, certos grupos de mulheres militantes pelo mundo já vêm adotando o ponto de vista diferencialista aqui descrito, muito embora alguns destes coletivos rejeitem completamente o termo “feminismo”, por considerá-lo irremediavelmente maculado, e definam-se como “antifeministas”.  Podemos citar entre estas divergentes: as mulheres católicas do chamado “Novo Feminismo”, que priorizam a maternidade como elemento principal da essência feminina; as mulheres islâmicas mobilizadas em rejeição ao FEMEN para afirmar sua identidade e capacidade de lutar por seus direitos segundo seus próprios caminhos; as indianas eco-feministas que se opõem ao controle das empresas multinacionais sobre a agricultura tradicional e pedem penas severas aos estupradores; as francesas do Les Antigones; as espanholas do Circulo Atenea; as mexicanas zapatistas; as argentinas e venezuelanas do Artemisas; nós, brasileiras do Matria; entre outras. A declaração de Katerina Tarnovska, ucraniana campeã mundial de kickboxing e fundadora de uma arte marcial especialmente voltada às mulheres (a Asgarda), pode evidenciar o que faz as mulheres se voltarem a essa versão de feminismo: “Se o feminismo visa defender a posição da mulher na sociedade, então sou feminista. Mas se o feminismo significa que as mulheres são os seres mais fortes e que devem se voltar contra os homens, então não, não sou feminista. Acredito na ordem natural das coisas”. Cabe lembrar, por fim, que o feminismo diferencialista não está em um estágio concluso e definitivo, e que a reverência dessa ideia para com as peculiaridades abarca inúmeras possibilidades e sugestões.

Lutadora da Asgarda, uma arte marcial feminina

As incríveis mentiras históricas sobre as “promíscuas guerreiras” vikings

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Apesar do que diz a lenda, elas não costumavam combater junto com seus maridos e eram extremamente respeitadas pelos homens.


Pintura: Mulher viking sendo cortejada por guerreiros vikings enquanto dã um maçã a um deles que está de joelhos em frente a ela
As mulheres vikings eram valorizadas pelos homens de sua sociedade

Sanguinárias, ávidas por dar golpes de machado contra o inimigo e um pouco promíscuas. A imagem das vikings que chegou aos dias de hoje é a de mulheres rudes que combatiam em grande número junto a seus esposos e não respeitavam o matrimônio. No entanto, estas teorias se confrontam com a verdade, pois a História nos diz que não costumavam participar nas famosas viagens de saque reproduzidas recorrentemente no cinema e que – embora desfrutassem da mesma liberdade sexual que os homens – não se deitavam com qualquer um que aparecesse em seu caminho. Elas eram de suma importância na sociedade escandinava e recebiam imenso respeito por parte dos homens, que poderiam se envolver em sérios problemas legais se cometessem a imprudência de manter relações sexuais com elas sem consentimento ou se as maltratassem.

Estes dados curiosos, assim como outras tantas histórias relacionadas com “os bárbaros assassinos do norte”, são parte de “Quiénes fueron realmente los vikingos” (Quem foram realmente os vikings), um novo guia histórico sobre este povo escrito pela historiadora espanhola Laia San José Beltrán. O livro mostra detalhes sobre esta civilização tão desconhecida em nosso país, como sua escrupulosa higiene e seu armamento. A obra complementa o primeiro livro da autora “Vikingos, una guía histórica de la serie de History Channel” (Vikings: um guia histórico da série do History Channel) e seu próprio blog pessoal “The Valkyrie’s Vigil” (A Vigília das Valquírias), um dos mais completos no idioma espanhol sobre temática nórdica.


Foto da historiadora Laia San José Beltrán e seus dois livros sobre temática viking
Laia San José e suas duas obras sobre a temática viking

As mulheres vikings não costumavam combater

Dentre todas as mentiras que têm sido contadas sobre as escandinavas nos últimos anos, a historiadora destaca uma: a que afirma que cerca de 50% dos vikings que viajavam por toda a Europa saqueando outras culturas eram mulheres. Não tem nada mais longe da realidade, pois a sociedade tinha reservado outro papel para elas, diferente do de feras guerreiras. “Nos dias de hoje se tem deturpado completamente como eram as vikings daquela época. É incrível a degeneração que gira em torno de sua imagem e seu papel na sociedade. Apesar do que dizem as séries e os filmes, eram mais camponesas e mães do que guerreiras. É provável que algumas lutassem, mas é impossível que a metade dos que viajavam para saquear fossem mulheres”, afirma a especialista.

Esta modificação da verdadeira imagem das vikings começou há 100 anos, em um momento da história em que na pintura e nas óperas surgiu a ideia romântica (e errônea) de que as mulheres escandinavas iam armadas até os dentes para as batalhas. Parece que a falsidade calou até o mais profundo da sociedade, pois desde então a mentira não parou de se repetir e se estendeu de uma forma incrível até chegar à atualidade. 

“Parece que é preciso colocar as mulheres em papéis de homens para que sejam reconhecidas.[1] Parece que uma viking só impressiona se for combatente, e não se decide ser mãe. Naquela época havia papéis diferentes e cada gênero tinha uma função igualmente válida. Tendemos a olhar o passado a partir de uma perspectiva atual, e isso é algo totalmente equivocado. As mulheres vikings eram muito importantes na época, o bastante para que não seja necessário masculinizá-las, porém, como gostam mais de dizer que elas lutavam, assim as representam”, afirma a historiadora. Entretanto, San José Beltrán também assinala que nunca se pode generalizar e que é bem provável que algumas mulheres tenham lutado nas expedições de saque que seus maridos realizavam.

O verdadeiro papel das vikings

Pode ser que não se dedicassem à guerra, mas o papel da maioria das mulheres escandinavas casadas de classe média (as “húsfreyja”) daquela época era tão importante como o dos homens. Eram encarregadas de transmitir oralmente todos os ensinamentos aos seus filhos e também eram responsáveis pela direção dos trabalhos em suas fazendas quando os maridos estavam saqueando. Esta tarefa era de suma importância, pois o trabalho no campo era o que dava sustento e alimento durante o ano a todos seus entes queridos e, se era mal gerenciado, toda economia familiar poderia ir para o ralo. Da sua parte, os homens não desprezavam esta tarefa, mas consideravam-na indispensável e respeitavam muitíssimo suas esposas por cumpri-la.

As mulheres também estocavam a comida e cozinhavam. “É muito curioso porque, nas sagas (histórias escandinavas), se conta que as mulheres eram os ‘pilares de dentro’ da casa (para o que tinham inclusive um termo: ‘innan húss’) e o homem era o ‘pilar de fora’. Dentro do lar, portanto, quem mandava era a mulher. Não somente tinham papéis associados atualmente ao mundo feminino, mas também sobre elas recaía toda a gestão da terra. Se elas fizessem uma má gestão de seus bens, era muito provável que no inverno toda a família morreria de fome. Também se deve atentar para uma coisa: Se todas as mulheres marchassem para a guerra, quem cuidaria do lar e organizaria a economia?”, completa a estudiosa.

No entanto, o fato de não participarem dos saques e ataques violentos (a machadadas) contra os os cristãos, não significa que as mulheres vikings não soubessem usar armas. Decerto dominavam bem o manejo de machados e arcos; e não era por menos, pois os usavam diariamente para cortar lenha e caçar. Estas habilidades serviam para as “húsfreyja” para defender seu lar de qualquer desavisado que tentasse causar problemas quando seus esposos estavam fora. “Temos que levar em conta que as vikings passavam muito tempo sozinhas, quando a maioria dos homens se encontrava em uma expedição de saque em algum lugar, e estavam encarregadas de defender o lar, os idosos e as crianças”, completa a historiadora.

Esta tarefa não era considerada nem melhor nem pior que as dos homens. Simplesmente era diferente. “O fato de que numa sociedade como a dos vikings cada um tinha uma função distinta não era algo ruim. O problema é que analisamos a partir de uma perspectiva atual. Simplesmente, eram papéis naturais que vinham desde a pré-história. Nos seriados se sacrifica a realidade em favor de uma imagem romantizada que todos gostam e acaba deturpando a história”, explica a especialista.

Pintura:  guerreira viking sendo amparada por homens vikings
As mulheres vikings tinham papéis diferentes (e igualmente importantes) dos homens na sociedade

Infanticídio e taxa de mortalidade 

Mas existem dados que confirmam que as vikings não combateram junto aos homens? Determinados costumes da época indicam que havia sido uma prática incomum. Entre eles se destaca o infanticídio (o assassinato seletivo de crianças recém-nascidas com má formação ou enfermidades e, em muitos casos, meninas). Na atualidade foram encontradas ossadas de recém-nascidos nas periferias de determinadas fazendas escandinavas, o que nos faz pensar que acabavam com suas vidas de forma intencional. Esta forma de proceder, somada à mortalidade por causas naturais, reduzia o número de mulheres, o que fazia que, uma vez adultas, fossem muito apreciadas entre os homens da região. A lógica, portanto, nos leva a pensar que os homens não queriam que elas morressem em combate.

As vikings podiam pedir o divórcio

“É muito improvável que, havendo tão poucas mulheres como havia, as enviassem à guerra para que corressem risco de morrer. As mulheres cumpriam uma função reprodutiva. Não é uma alegação machista nem feminista, é uma alegação histórica e real. Foi assim”, acrescenta San José Beltrán. Neste sentido, presume-se também que para o combate iriam as mulheres mais fortes, o que não deixaria mais que um punhado de idosos e crianças para defender as terras. Sem dúvida, bastaria um aviso aos bandidos das proximidades para que pegassem seus machados e espadas e dessem conta de enfrentar aqueles que encontrassem.

Curiosamente esta escassez de mulheres para contrair matrimônio e formar uma família pode ter sido o que fez com que os vikings fossem para além-mar conseguir riquezas. “Alguns historiadores sustentam que, em um determinado momento, houve excesso de homens para poucas mulheres. Por isso, os homens se viam obrigados a sair para saquear e conseguir riquezas, para que uma mulher os escolhesse. É lógico se pensar que, nessa época, não apenas se casava um homem com uma mulher, se casava uma família com outra. Assim, era interessante ter dinheiro. As riquezas adquiridas fora permitiam aos vikings converter-se em líderes, contratar um grupo de homens para que fossem ajudar nos saques, construir um barco, etc. Era um círculo vicioso. Mais dinheiro, mais possibilidades de ganhar mais”, adiciona a espanhola.

A discussão das tumbas

Outro elemento que tem contribuído para propagar a desorientação sobre o tema é que, como se pôde descobrir atualmente, muitas vikings foram enterradas com armas e escudos. Não são poucos os que afirmam que estes arsenais haveriam sido utilizados pela mulher para ir à guerra. Entretanto, Laia San José Beltrán não é da mesma opinião, e assinala que os escandinavos costumavam enterrar seus mortos (quer fossem homens ou mulheres) com todo tipo de oferendas, inclusive machados e espadas. “Mesmo que encontrássemos um sítio arqueológico em que uma mulher ou um homem estão rodeados de armas, não poderíamos assegurar que fosse um guerreiro. Supõe-se que o falecido era um combatente com base em uma série de dados, também existe a possibilidade de que as armas fossem um presente de sua família. Além disso, aqueles eram objetos usados cotidianamente em tarefas do campo. Poderia haver sido um guerreiro, um homem ou uma mulher que saiu para saquear poucas vezes em sua vida, ou um camponês ou camponesa”, afirma a especialista.

Neste sentido, Laia também assinala que, se as mulheres encontradas houvessem combatido, teriam sofrido fraturas nos ossos. No entanto, não é habitual encontrar restos ósseos femininos da época viking com marcas que possam se relacionar com ferimentos em combate. 

“Os ossos podem nos revelar como morreu uma pessoa e que ferimentos sofreu ao longo de sua vida. Graças a certas características, se pode reconhecer ferimentos de espada ou machado, más formações provocadas pelas armas, ver se os restos ósseos se danificaram e voltaram a se recuperar, etc. Estas marcas tem sido achadas em alguns guerreiros vikings encontrados atualmente, porém não nos restos mortais femininos. De fato, se existiram mulheres que lutaram, não foi algo que ocorreu com frequência, muitos menos de forma generalizada. Era algo muito pontual”, afirma Laia San José Beltrán.

Por outro lado, nas tumbas vikings também tem se achado vários tipos de estatuetas com forma de mulher. Muitas delas eram “Valquírias” (as guerreiras mitológicas que pegavam uma parte dos falecidos após a batalha para levá-los junto aos deuses). Isto tem desconcertado de certo modo aos especialistas, pois se desconhece se as estátuas correspondem com um mero ritual ou se, ao contrário, representam combatentes femininas que cavalgaram junto aos homens em algum momento.

Pena capital para estupradores

Para os vikings, ferir uma dama era uma grande desonra. Se algo está claro, é que as antigas escandinavas eram bastante respeitadas pelos homens e isso está demonstrado em sua legislação. Então, esses rudes assassinos que realizaram todo tipo de ultraje fora de seus territórios (incluindo abusar das mulheres de seus inimigos) por lei proibiam categoricamente o estupro de mulheres vikings. Esta norma tinha tal importância que, aquele que a descumpria, era condenado à morte. Este castigo era excepcional para eles, pois não costumavam aplicá-lo em outros tipos de delitos graves - onde nesses casos, apenas expulsavam o delinquente da colônia.

Liberdade sexual

Por outro lado, as vikings não eram consideradas meros objetos sexuais que deviam estar a serviço do homem. Neste sentido, elas desfrutavam de uma liberdade similar a de seus esposos. Estavam entre as poucas mulheres da época que podiam pedir o divórcio por vários motivos. No caso de ser concedido, tinham o direito também de recuperar todo seu dote. Além disso, se fosse demonstrado que a culpa da separação havia sido do esposo, podiam reivindicar uma parte das riquezas que haviam conquistado junto com seu marido durante o casamento. “O divórcio na sociedade viking podia ser pedido por qualquer das duas partes. O ‘juízo’ era feito mediante testemunhas, que falavam em favor do esposo ou da esposa. Só havia uma exceção: os maus tratos. Neste caso, o divórcio era automático. Também era possível pedir o divórcio nos casos em que o cônjuge fosse consumista e não soubesse administrar bem sua terra. Outra causa era a impotência, algo compreensível, pois um dos objetivos do matrimônio era ter descendência. Finalmente, qualquer das partes poderia se separar se seu cônjuge não se vestisse de acordo com seu sexo. Ou seja, se um homem se vestisse de mulher ou vice-versa”, destaca a especialista espanhola.

NOTA:
[1] Sobre a representação moderna das mulheres vikings, recomendamos também o ótimo artigo do Professor Johni Langer, da Universidade Federal da Paraíba.
Link: https://www.academia.edu/1806928/Guerreiras_na_Era_Viking_Uma_an%C3%A1lise_do_quadrinho_Irm%C3%A3s_de_escudo_Women_warriors_in_the_Viking_Age_RODA_DA_FORTUNA_REVISTA_ELETR%C3%94NICA_DE_ANTIGUIDADE_E_MEDIEVO_VOL._1_N._1_2012 

Texto traduzido e adaptado por Matria de:
ABC


Olimpíadas e ideologia de gênero: quando o politicamente correto se choca com a realidade

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Por: Jorge Soley




A realidade se impôs sobre o debate de gênero e os atletas de sexo masculino que tinham a ilusão de ganhar uma medalha olímpica, embora fosse na categoria feminina, já podem ir tirando o cavalinho da chuva.

Se não fosse pela capacidade da ideologia de gênero em fazer infelizes muitas pessoas, que vivem numa trágica confusão, ela seria fonte de marcos inesquecíveis, dignos de qualquer antologia de humor que se preze. O papo-furado dos ideólogos de gênero se presta a ridicularizações e piadas de todo tipo. Eles se empenham em nos impor um absurdo: não existem sexos, tudo é uma construção social e, em consequência dessa ideia, podemos perfeitamente redefinir nosso sexo por mero capricho sempre que quisermos.

A esta loucura, uma alucinação totalmente desconectada da realidade, chamam direito, e não sei quantas coisas mais. É como se alguém se empenhasse em dizer que a lei da gravidade é uma construção social, uma imposição do terrenismo* que não quer nos deixar voar e defender o direito de abrirmos a janela e sair voando pelo ar se este for nosso desejo. Entretanto, nestes casos este "voo elevado", que tem consequências previsíveis, nunca ocorre com um teórico do assunto, e sim, com algum pobre descuidado que deu ouvidos aos teóricos e acaba sendo massacrado por suas escolhas, ao se confrontar com a realidade de que não vai voar se pular da janela.

Uma das últimas áreas nas que acabam de implantar a falta de sentido da ideologia de gênero é nas Olimpíadas. Um terreno especialmente perigoso e que tem exposto as contradições desta ideologia.

Os atletas "transgêneros" poderão participar das competições olímpicas que desejarem sem necessidade de cirurgia.

Esta frase é da notícia de aprovação de uma nova norma por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI) de que os atletas "transgêneros" poderão participar nas competições olímpicas que desejarem sem necessidade de cirurgia. Não entraremos na questão da cirurgia (como se uma intervenção cirúrgica, seja uma mutilação ou um enxerto, normalmente acompanhado da suplementação - oral ou intramuscular - de determinados hormônios, fosse capaz de transformar, como num passe de mágica, um homem em mulher ou vice-versa). O COI definiu que um atleta que diga que se sente do sexo contrário ao seu poderá competir nas provas reservadas para esse sexo

Deixando claro: uma mulher que diz se sentir homem poderá competir nas provas masculinas e um homem que diz se sentir mulher poderá competir nas provas femininas. Que maravilha! Que conquista para a liberdade de gênero! Viva o Comitê Olímpico Internacional! Abaixo o heterofascismo

Alguém advertiu que as competições femininas podiam se encher de homens e devido a diferença de constituições, eles poderiam ficar com a maioria das medalhas.

Um momento, um momento... não corram tanto e leiam as letras miúdas. Acontece que, depois dos "vivas" e de abrirem a champanhe para celebrarem o marco, alguém advertiu que as competições femininas podiam se encher de homens que dizem se sentirem mulheres e que, devido a diferença de constituições, podiam ganhar a maioria das medalhas. Em que confusão se meteram! 

O caso é que o COI teve que fazer uma pequena mudança para que as Olimpíadas do Rio não se tornassem uma bagunça: as atletas mulheres que dizem se sentir como homens poderão participar nas competições masculinas sem restrição, mas no caso contrário, um homem que se sente mulher, propuseram restrições adicionais, como por exemplo, ter testosterona abaixo de certos níveis ao menos durante um ano antes da competição. Ou seja, iguais mas não tanto. Isto é, o sexo é uma construção social... exceto se for homem e quiser competir em categorias femininas.

A realidade acaba se impondo sobre a discussão de gênero e os atletas do sexo masculino que haviam se iludido de que ganhariam medalha olímpica, embora fosse na categoria feminina, já podem se despedir.

A propósito, no comunicado do COI cometeram um deslize, uma afirmação inusitada que atenta contra a lógica mais clara e simples: em relação as provas cromossômicas para verificar o sexo de um atleta, afirma que são "não-científicas e antiéticas".

O cromossomo não é científico; científico deve ser uma conversa no bar com o atleta investigado em que vai explicar sua vida e seus traumas.

Já sabem, o cromossomo não é científico; científico deve  ser uma conversa no bar com o atleta investigado em que vai explicar sua vida e seus traumas. E claro, o cromossomo é antiético, tão antiético como a lei da gravidade, a íris do olho ou a resistência dos metais.

Acontece que a realidade existe, a natureza existe, apesar dos muitos discursos pomposos e politicamente corretos que fazem e os muitos aplausos que recebem. Todos os discursos são radicalmente incapazes de mudar a natureza: não podem nos fazer voar por nós mesmos, nem transformar um homem em uma mulher ou vive-versa. É por isso que a ideologia de gênero é uma mentira, uma mentira que vão reforçando, embora apenas no papel (na teoria), mas que fica em evidência quando se tem que enfrentar cara-a-cara a realidade.

Fonte original: Actuall
Tradução: Matria

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* Nota: Terrenismo aqui é retratado no sentido de estar preso à vida terrestre (sem nenhuma ligação com o espiritual, divino, transcendental, sobrenatural), seguindo a condição natural das coisas.



A verdade inconveniente sobre a indústria pornográfica

quarta-feira, 1 de junho de 2016

A pornografia, vista como atividade normal e parte da sexualidade moderna, figura com mais precisão no campo dos vícios. De fato, a mente de um adepto do uso de pornografia funciona de modo praticamente idêntico à de um usuário de drogas. Os efeitos da pornografia são individuais (mudanças no funcionamento cerebral, nos estímulos sexuais, na mente e no comportamento) e sociais (exploração, abuso, estupro, violência, pedofilia, zoofilia e outras parafilias afins, tráfico humano e trabalho escravo).

Aqui serão abordados seus principais aspectos, causas e consequências pessoais, emocionais, cerebrais, comportamentais, sociais, econômicas, morais e humanas.


A pornografia altera a mente 

Como qualquer substância viciante, a pornografia inunda o cérebro com dopamina[1]. E, como qualquer outra droga, o cérebro exige doses cada vez maiores para atingir os mesmos efeitos. Logo, o consumo de pornografia aumenta constantemente, e as sensações de prazer são reduzidas, exigindo cada vez mais material e tempo. A facilidade de acesso à droga (à pornografia) através da internet cria a ilusão de saciedade e de rapidez para o preenchimento das lacunas de prazer. Isso faz com que, diferentemente daquilo que ocorre com outras substâncias viciantes, o usuário de material pornográfico não encare a situação como um estágio de dependência química.

A capacidade (e a quantidade) dos neurotransmissores é reduzida continuamente[2]. Atividades simples que antes seriam suficientes para satisfazer a necessidade de dopamina no cérebro passam a ser insuficientes. Os viciados em pornografia precisam buscar novos materiais, cada vez mais abusivos, cada vez mais agressivos e explícitos. O vício danifica áreas cerebrais responsáveis pela análise e tomada de decisões importantes (o lóbulo frontal, responsável pela solução de problemas), já que a pornografia "reprograma" o cérebro para necessidades de curto prazo (masturbação, ejaculação, orgasmos cada vez mais rápidos e mais fracos). 

Dessa forma, a pornografia altera a própria estrutura cerebral e reconfigura as áreas responsáveis pela recepção, controle e processamento de prazer. Quanto mais pornografia o viciado usa, mais o lóbulo frontal é danificado e mais comprometida é a capacidade de estimular as áreas cerebrais responsáveis pelo prazer, o que exige níveis cada vez maiores de dopamina[3]. A boa notícia é que, como em qualquer vício, os danos podem ser "desfeitos" ou no mínimo reduzidos, conforme o viciado abandona o uso da pornografia. As áreas anteriormente danificadas se regeneram para grande parte daquilo que eram originalmente.

A pornografia deteriora sua vida sexual

A facilidade de acesso ao conteúdo pornográfico dá a impressão de normalidade, abertura, melhor entendimento do sexo e, por isso, de um melhor desempenho sexual e uma vida sexualmente ativa mais satisfatória[4]. Porém, o vício em pornografia pode piorar a vida sexual e, até mesmo, conduzir à total ausência dela.
Trinta anos atrás, os homens desenvolviam disfunção erétil na velhice, geralmente após os 40 anos[5], quando a circulação sanguínea se deteriora, tornando difícil manter uma ereção. Isso foi antes de a pornografia se tornar massiva. Hoje, a disfunção erétil atinge muitos homens de 20 anos, ou seja, é um problema que afeta homens cada vez mais novos. 
O problema não está no órgão sexual, e sim no cérebro. Acostumado à pornografia e condicionado a ela como forma de obter prazer e liberar ocitocina, o cérebro de um viciado acaba perdendo a capacidade de se estimular sexualmente através de reações químicas desencadeadas pelo toque, cheiro, audição e pelo corpo real de uma mulher. Dessa forma, o usuário de pornografia viciado é condicionado a obter prazer numa sala, sozinho, na frente de um computador, e não acompanhado de outra pessoa[6].
Evidências sugerem crescentemente que a disfunção erétil e outras anomalias no desempenho sexual masculino podem ser efeitos colaterais da fascinação do homem pela pornografia, e isto ainda pode estar se tornando o mais comum problema da saúde masculina.

Uma pesquisa com mais de 28.000 homens italianos descobriu que o consumo excessivo de pornografia, começando aos 14 anos, e o consumo diário entre o início e meados dos 20 anos, insensibiliza os homens para até as mais violentas imagens. De acordo com o chefe da Sociedade Italiana de Andrologia e Medicina da Sexualidade (SIAMS), isto pode causar disfunções sexuais masculinas pela diminuição de libido e eventualmente levando à inabilidade para a ereção.

Viciados em pornografia, acostumados aos padrões mostrados nas cenas dos materiais que consomem, perdem a capacidade de atração sexual por suas parceiras de carne e osso. "Devido à pornografia disponível na internet, nós estamos descobrindo que este tipo de disfunção sexual é uma entidade real", diz David B. Samadi, doutor em Medicina, presidente do departamento de urologia e chefe de cirurgia robótica no Hospital de Lenox Hill, em Nova Iórque. "É um problema no cérebro, não no pênis.". Até certo ponto, disfunção erétil relacionada à pornografia pode afetar qualquer um, mas Dr. Samadi diz que lhe parece mais propenso entre homens jovens que estão em sua adolescência ou no início dos 20 anos.

Johns Hopkins Bloomberg, da Escola de Saúde Pública de Baltimore, descobriu que cerca de 18 milhões de americanos possuem disfunção erétil, significando que eles são incapazes de obter e manter uma ereção suficiente para a relação sexual. O problema pode ser físico, em relação ao bloqueio de sangue para o pênis; psicológico, ou uma combinação.

"Na maioria das vezes, doenças crônicas, como doenças cardíacas e diabetes, contribuem para a disfunção erétil; mas na minha prática particular, eu diria que 15 a 20 por cento das disfunções eréteis que eu vi estavam relacionadas ao consumo de pornografia. O uso contínuo de pornografia causa uma mudança nas químicas cerebrais que contribuem para disfunção erétil", diz Muhammed Mirza, doutorado em Medicina, internista em Nova Jersey e fundador da ErectileDoctor.com.

Como saber se você tem risco de obter uma disfunção erétil relacionada à pornografia? Não é necessariamente quanta pornografia a pessoa assiste. O tipo pode ter também um papel, diz Samadi. Diferente das imagens pornográficas "softcore" (“brandas”), pornografia online é geralmente mais visual e retrata comportamentos bizarros, depravados e violentos. Também está disponível 24 horas.

A pornografia leva a expectativas falsas que insensibilizam a pessoa para o sexo. Samadi comparou o fenômeno com o que ocorre quando alguém consome consistentemente mais e mais álcool. Eventualmente, a pessoa tem mais dificuldade em se sentir embriagada. O mesmo ocorre com a pornografia e a performance sexual. "Você precisa de mais e mais estímulos já que você criou uma certa resistência, e então surge a possibilidade com a sua esposa ou parceira, e você não é mais capaz de fazê-lo. Se você assistir qualquer imagem de um vídeo pornográfico, elas são ampliadas. Não é assim que uma anatomia normal age. Ninguém pode seguir com isto por horas", ele diz.
"É muito diferente da vida real", diz Nicole Sachs, Assistente Social Clínica Licenciada, assistente social em Rehoboth, Delaware, e autora de "The Meaning of Truth.". “As imagens irreais encontradas na pornografia podem levar o homem ou a mulher a se sentirem autoconscientes, o que poderia levar a problemas funcionais e com a intimidade. O sexo na pornografia ou mesmo na prostituição é rápido, fácil e impessoal. Mas a intimidade é difícil e pode se tornar embaraçosa", ela diz.


A exploração da mulher na indústria pornográfica

Shelley Lubben é uma ex-atriz pornô americana e está entre as principais lideranças antipornografia da atualidade. Ela é fundadora da “Pink Cross Foundation”, uma organização de caridade pública, dedicada a conceder auxílio emocional e financeiro aos que trabalham na indústria pornográfica. Segundo a organização, esta indústria detém os seguintes números:
- 70 estrelas pornôs cometeram suicídio.
- O principal meio de suicídio entre elas é o enforcamento.
- A expectativa de vida de uma estrela pornô é de 36,2 anos.
- 38 casos de mortes por drogas entre estrelas pornôs desde 2003.
- 52 suicídios entre estrelas pornôs desde 2000.
- A obtenção de clamídia e gonorreia é 10 vezes maior entre os empregados no ramo do que entre pessoas do município de Los Angeles, entre seus 20-24 anos.
- 2.396 casos de clamídia e 1.389 casos de gonorreia reportados entre os atuantes, desde 2004.
- 31 casos de HIV reportados entre estrelas pornôs desde 2003.
- Performances pornográficas tem uma chance 20% maior de infecção do que entre o público geral (2,4%).
- 130 profissionais, entre heterossexuais e gays, morreram de AIDS.
- 514 estrelas pornôs morreram de AIDS, drogas, homicídio, suicídio e outras mortes prematuras.
- Uma recente análise dos 50 filmes pornográficos mais vendidos revela que, entre todas as cenas: 48% de 304 cenas contêm agressões verbais, enquanto mais de 88% contêm agressões físicas[7].
- nestas cenas, 94% dos atos de agressão são cometidos contra mulheres.
- A cada segundo: $3,075.64 são gastos em pornografia. 28,258 pessoas estão vendo pornografia e 372 estão procurando por algum tipo de conteúdo pornográfico.
- 9 entre 10 dos jovens do sexo masculino e aproximadamente um terço das jovens do sexo feminino consomem pornografia.
- 70% das doenças sexualmente transmissíveis na indústria pornô ocorrem nas mulheres, segundo os dados de saúde pública do município de Los Angeles.
- Dos 1351 pastores entrevistados, 54% assistiu pornografia online no ano passado.
- A receita mundial da indústria pornográfica em 2006 foi de $97,06 bilhões, dos quais aproximadamente $13 bilhões foram nos Estados Unidos.
- Existem 4.2 milhões de sites pornográficos, 420 milhões de páginas pornográficas e 66 milhões de pesquisas diárias em mecanismos de busca.

A pornografia destrói casamentos e famílias

Separações motivadas por uso de pornografia não são raras. Ela atua como instrumento de instabilidade para casais, diminuição da vida sexual e distanciamento entre os membros da família.
- No encontro de 2003 da American Academy of Matrimonial Lawyers (Academia Americana de Advogados Matrimoniais), em uma coleta de dados feita entre os advogados especializados em divórcio da nação, os participantes revelaram que 58% de seus divórcios foram resultado do acesso excessivo por uma das partes à pornografia online.

A indústria pornográfica tem dimensões gigantescas

A indústria pornográfica é uma superestrutura gigantesca[8]. A estimativa é que há 4.2 milhões de sites pornográficos - 12% de todos os sites existentes -, permitindo o acesso de 72 milhões de visitantes pelo mundo afora mensalmente. Um quarto de todas as pesquisas diárias, isto é, 68 milhões, é por material pornográfico, onde 40 milhões dos americanos são visitantes regulares.
- Chatsworth, Califórnia, produz 85% de todo o conteúdo pornográfico mundial. Todas as maiores agências de “talentos femininos” estão localizadas em Chatsworth ou em suas proximidades. As atrizes são levadas para Chatsworth para trabalharem em pornografia. Todos os maiores “talentos masculinos” mundiais moram ou viajam para Chatsworth para contracenar. Quase todas as maiores e menores companhias de produção de DVDs com conteúdo pornográfico estão localizadas na região de Chatsworth.
- Esta indústria norte-americana produz cerca de 4.000 a 11.000 filmes por ano e ganha a estimativa de $9-13 bilhões em sua receita bruta anual. Em torno de 200 companhias de produção prostituem cerca de 1.200 a 1.500 atores. Os atores ganham tipicamente entre $400 a $1.000 dólares por cena e não são compensados na base da distribuição ou da venda.
- A indústria do sexo (Não só a de produção de filmes, porque tudo está ligado) lucra mais que Hollywood; NFL (The Nation Football League), NBA (The Nation Basketball Association) e MLB (The Major League Baseball) JUNTAS; NBC, CBS e ABC JUNTAS; companhias de alta tecnologia como Google, Microsoft, Yahoo, Apple, Netflix, EBay e Amazon JUNTAS[9].

A indústria da pornografia se alimenta da pedofilia

- Mais de 11 milhões de adolescentes assistem pornografia online regularmente.
- De todos os domínios online de abuso infantil, 58% estão hospedados nos Estados Unidos.
- A pornografia infantil é um dos negócios que mais aumentam pela internet, sendo que o conteúdo está ficando cada vez pior. Em 2008, a Internet Watch Foundation encontrou mais de 1.536 domínios individuais de abuso infantil.
- O maior grupo que assiste pornografia online tem entre 12 a 17 anos [10].
- Não é raro que atores pornôs relacionem sua entrada na indústria a abuso sexual sofrido na infância.

A indústria da pornografia e a insensibilidade


O vício em pornografia tem como consequências[11]:

- Demonstrar menor empatia por vítimas de estupro;

- Ter tendência a um crescente comportamento agressivo;

- Acreditar que mulheres vestidas provocativamente estão abertas para o estupro;

- Demonstrar agressividade contra mulheres que flertam e então se recusam ao sexo;
- Demonstrar um crescente desinteresse sexual por suas esposas e namoradas;
- Demonstrar um maior interesse em coagir parceiros a atos sexuais indesejáveis.


Sobre a violência durante as filmagens:

- Apenas 9,9% das cenas mais vendidas possuem algum tipo de comportamento como beijo, riso, acariciamento ou elogio;

- Tapas ocorrem em cerca de  41.1% das cenas;

- Aproximadamente 20% de todo o conteúdo pornográfico na internet trata-se de abuso sexual infantil.


Sobre a insensibilização do consumidor, o seguinte texto também explica como, através da pornografia, o homem fica apático às relações sexuais casuais, levando-o até à impotência: http://www.everydayhealth.com/news/erection-problems-this-habit-may-why/ (Em inglês)
Um outro vídeo interessante sobre a insensibilização pela pornografia, legendado em português:
https://www.youtube.com/watch?v=BMgAJwc7ocE

Sobre Linda Lovelace, o site de onde copio este texto estará logo a seguir:

Pornografia: depressão, suicídio, abuso físicos e psicológicos, estupros e ameaças

“Em respostas às sugestões deles, eu o informei que não me envolveria em prostituição de forma alguma e o avisei que queria ir embora. [Traynor] me batia e o abuso psicológico começou também. Eu literalmente me tornei uma prisioneira. Eu não era autorizada a sair de sua vista, nem mesmo pra ir ao banheiro, onde ele me assistia pelo buraco na porta. Ele dormia em cima de mim à noite, ele ouvia meus telefonemas com uma calibre 45 apontada pra mim. Eu apanhava e sofria abuso psicológico todo e cada dia. Ele cortou minhas ligações com outras pessoas e me forçou a casar com ele, aconselhado pelo seu advogado.”
Aqui ela fala da primeira experiência na pornografia:
“Minha iniciação na prostituição foi um estupro grupal de cinco homens, arranjado pelo Sr. Traynor. Foi um ponto determinante na minha vida. Ele ameaçou atirar em mim se eu não continuasse. Eu nunca tinha experimentado sexo anal antes e isso me partiu ao meio. Eles me trataram como uma boneca inflável, me pegando e me colocando aqui e ali. Abrindo minhas pernas assim ou assado, enfiando suas coisas em mim e dentro de mim, brincando de dança das cadeiras com as partes do meu corpo. Eu nunca me senti tão assustada e desgraçada e humilhada na minha vida. Eu me senti como lixo. Me envolvi em atos sexuais de pornografia contra a minha vontade pra evitar ser morta. As vidas de meus familiares foram ameaçadas.”
Agora, o que a maioria das pessoas não sabem e que é, possivelmente, a pior coisa que Lovelace presenciou. Por um vislumbre de horror, há um vídeo que ela se recusou a reconhecer que participou nele de qualquer forma, até que uma cópia vazou e a prova conclusiva foi dada.
É chamado “Cachorro Comedor” e é, provavelmente, auto-explicativo. Linda Lovelace é forçada a ser penetrada por um cachorro, em frente à câmera, contra sua vontade. Ela foi forçada a gravar depois de seu marido/agente/abusador/estuprador apontar uma arma em sua cabeça e lhe dar duas opções: gravar o filme ou comer uma bala. Eu não vou entrar em mais detalhes, isso é suficiente pra dizer o tipo de abuso que tem sido grande parcela da pornografia desde sua inserção moderna, nos anos 70."

Sobre a forma como as atrizes são coagidas a entrar para essa indústria, de uma forma ou de outra, fica o exemplo de Sasha Grey. Dizia-se que ela teve uma vida mansa durante sua vida na indústria, não sofrendo o que foi denunciado aqui; porém, parece que a história é bem diferente (lê-se pior) do que seus fãs fazem parecer. Traduzi a seguinte notícia do inglês.
"Sasha Grey diz que ela foi "atraída" [Estas aspas são por minha conta] para a pornografia pelo seu violento e abusivo ex-namorado - que a convenceu de que ele era um espião militar que precisava de "cobertura"... E agora ela tem medo de que ele possa voltar para machucá-la.
Grey diz em novos documentos judiciais que Ian Cinnamon a submeteu a anos de abuso e agressões sexuais - iniciadas em 2005, quando ela tinha 16 e ele tinha 29 anos.
Grey diz que foi Cinnamon quem a convenceu a se tornar uma estrela pornô, dizendo que ele era um agente secreto e que ela seria uma ótima cobertura para ele. E foi assim: ele a convenceu de que trabalhava para DIA (Defense Intelligence Agency).
Grey diz que Cinnamon se tornou fisicamente abusivo. Em uma ocasião, ela disse que ele havia se esquecido de checar os testes de DSTs de um dos seus contracenantes, e ele ficou furioso, lançando objetos da casa contra ela.
Grey diz que ela terminou o relacionamento em 2012 [Ela saiu do cinema pornô em 2011] e ele recentemente começou a enviar-lhe inúmeras mensagens com ameaças - algumas com imagens de pistolas.
Um juiz concordou que Cinnamon era uma ameaça e o ordenou que mantivesse uma distância de 182,88 metros (200 jardas) dela.

Indústria pornográfica: um inimigo a se combater

A pornografia destrói o modo natural com o qual os seres humanos se relacionam com suas próprias sexualidades, desintegra relações com seus parceiros e a capacidade de sociabilização e criação de relacionamentos saudáveis. Separa e afasta membros da família, causa divórcios e crises domésticas. Expõe crianças, além de utilizar-se delas, dando grande abertura à exploração sexual infantil. Beneficia-se do tráfico humano, movimenta milhões do tráfico de drogas. 
A indústria pornográfica é um mal a ser combatido. Encarar esse fato sob o prisma de mera "reação moralista" é negligenciar toda a gama de fatos abordados e expostos aqui e em inúmeras outras fontes. Pornografia deve ser combatida como qualquer outro vício. E, embora muitos possam dizer que a utilizam e não sofrem dos prejuízos e problemas aqui citados, seus exemplos individuais não refutam uma realidade de milhões.
Para aqueles interessados em superar o vício na pornografia, acessem este site (totalmente gratuito e em português): Como parar o Vício em Pornografia

Referências

* Para melhor compreensão do leitor, as referências foram traduzidas para este texto (títulos dos estudos, das instituições, títulos dos periódicos e revistas, etc.)

[1] Hilton, D. L. (2013). Vício em Pornografia—Um Estímulo Supranormal Considerado no Contexto da Neuroplasticidade; Neurociência Sócio afetiva e Psicologia; Georgiadis, J. R. (2006); Mudanças Cerebrais Regionais de Corrente Sanguínea associadas com o orgasmo clitoriano Induzido em Mulheres Saudáveis; Jornal Europeu de Neurociência, edição 24, 11:3305-3316.   

[2] Hilton, D. L., e Watts, C. (2011). Vício em Pornografia: Uma perspectiva Neurocientífica; Neurologia Cirúrgica Internacional, 2: 19; (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3050060/) Angres, D. H. e Bettinardi-Angres, K. (2008). A Doença do Vício: Origens, Tratamento e Recuperação; Mensário de Doenças 54:696-721; Mick, T. M. e Hollander, E. (2006); Comportamento Sexual Impulsivo-Compulsivo, CNS Spectrums, 11 (12):944-955.

[3] Angres, D. H. e Bettinardi-Angres, K. (2008). A Doença do Vício: Origens, Tratamento e Recuperação; Mensário de Doenças 54: 696-721; Zillmann, D. (2000). Influência do Acesso Irrestrito ao conteúdo erótico por parte dos Adolescentes e Jovens Adultos - Disposições Acerca da Sexualidade, Jornal de Saúde Adolescente 27,2:41-44.

[4] Paul, P. (2010). Da Pornografia para o Pornô, do Pornô ao Porn: Como a Pornografia se tornou a Norma; In J. Stoner e D. Hughes (Eds.), Os custos sociais da Pornografia: uma coleção de Documentos (pags. 3-20); Princeton, N.J.: Witherspoon Institute.

[5] Capogrosso, P., Colicchia, M., Ventimiglia, E., Castagna, G., Clementi, M. C., Suardi, N., Castiglione, F., Briganti, A., Cantiello, F., Damiano, R., Montorsi, F., Salonia, A. (2013). Um dentre quatro pacientes diagnosticados com disfunção erétil é jovem — Um quadro preocupante sobre a prática clínica cotidiana; Jornal de Medicina Sexual 10,7:1833-41; Cera, N., Delli Pizzi, S., Di Pierro, E. D., Gambi, F., Tartaro, A., et al. (2012). Alterações Macroestruturais da Matéria cinzenta na Disfunão Erétil Psicogênica Subcortical. PLoS ONE 7, 6: e39118; Doidge, N. (2007). O Cérebro que muda a si mesmo; Nova York, Penguin Books, 105.

[6] Hilton, D. L. (2013). Vício em Pornografia - Um Estímulo Supranormal Considerado no Contexto da Neuroplasticidade. Neurociência Socioafetiva e Psicologia 3:20767; Robinson, M. and Wilson, G. (2012). Gostos sexuais são imutáveis?, Psicologia Hoje, 8 de novembro (http://www.psychologytoday.com/blog/cupids-poisoned-arrow/201211/are-sexual-tastes-immutable)

[7]  Jensen, Robert; Okrina, Debbie; Pornografia e Violência Sexual; National Resource Center on Domestic Violence (Centro Nacional de Pesquisa sobre Violência Doméstica):http://www.vawnet.org/sexual-violence/print-document.php?doc_id=418&find_type=web_desc_AR 

[8] Ackman, Dan; Qual o tamanho da indústria do pornô?; Forbes: http://www.forbes.com/forbes/welcome/


[9] ABC News; Lucros da Pornografia: os segredos corporativos da América: http://abcnews.go.com/Primetime/story?id=132001&page=1


[10] Deem, Gabe; Pornografia: muitos jovens assistem, saiba duas razões pelas quais isso é um problema; Huffington Post: http://www.huffingtonpost.com/gabe-deem/porn-many-teens-watch-it-_b_5450478.html
[11] Daubney, Martin; Pornografia pode mesmo transformar pessoas em criminosos?; Telegraph: http://www.telegraph.co.uk/men/thinking-man/11376283/Does-watching-porn-really-turn-people-into-violent-criminals.html 

Fonte: Ação Avante
Escrito por Clécio Pereira e Jean Carvalho
 
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